segunda-feira, 14 de março de 2011

Greve dos Camionistas 2011



Nada melhor para resolvermos os problemas do país do que organizar uma paralisação e greve das empresas de transporte de mercadorias e dos seus camionistas. Os camionistas reclamam porque os preços dos combustíveis estão caros, os preços das portagens das auto-estradas estão caros e os preços das SCUT existem. E o que fazem para resolver estes problemas? Não fazem nada, literalmente. Em lugar de efectuarem mais uns quantos fretes de transporte para as empresas que ainda vão conseguindo vender, encaixando algum dinheiro pelos serviços de transporte prestados, preferem ter os camiões parados. Como estamos numa democracia, todos os camionistas e todos os outros profissionais, ou seja, todas as pessoas são livres para se manifestarem, mas a liberdade termina imediatamente quando um camionista, por não concordar com a greve ou porque simplesmente depende do camião e dos fretes que faz para colocar comida na mesa dos seus e não se pode dar ao luxo de parar, não adere à greve. Para além de ver o seu trabalho dificultado devido aos restantes grevistas, ainda tem que enfrentar algumas pedradas (mesmo não conduzindo o autocarro do Benfica) e pagar os estragos que os outros lhe fazem (já para não falar em coisas piores do que pedradas como ameaças e agressões…).

Temos que recuar a Junho de 2008 para recordarmos a última paralisação deste sector mas é necessário ter muita imaginação para tentar visualizar resultados práticos da mesma para além do caos e as rupturas de stock nos supermercados e não só.

Em relação aos preços dos combustíveis posso chamar a atenção para um pequeno detalhe, que é o seguinte: o transporte dos combustíveis é feito por camião e se a paralisação provocar escassez de combustível nos postos de abastecimento, isto irá provocar um aumento dos preços dos combustíveis tendo em conta as leis da oferta e da procura: quanto menor a oferta e maior a procura, maiores os preços.

No meio disto tudo surgiram-me algumas dúvidas que gostaria de partilhar…



Se esta é uma greve para os camionistas que transportam mercadorias, o que acontece quando se é um camionista que conduz um camião que transporta outros camiões? Vamos tentar perceber melhor este cenário paradoxal: Vamos assumir que um camião não é uma mercadoria – Se um camião só transporta mercadorias e neste caso levar outros camiões, então isto significará que um camião de camiões não necessitará de parar e poderá transportar outros camiões de mercadorias em cima. Como estes últimos vão parados por definição (motor desligado e rodas paradas), estarão ao mesmo tempo paralisados e em greve, mas ao mesmo tempo poderão transportar as suas mercadorias na mesma para os destinos (o mesmo pode ser feito num ferry, barco, comboio ou avião). Vamos agora assumir que um camião é de facto uma mercadoria – Se um camião é uma mercadoria então não precisa de parar porque não é um camião, ou seja, qualquer camião pode circular na estrada e a greve não fará qualquer sentido. Este paradoxo poderá acabar imediatamente com a greve já que os camionistas poderão todos fazer greve enquanto trabalham, não atrapalhando mais ninguém e até poderão abrir novas oportunidades para empresários abrirem novas empresas de transporte de camiões de transporte de mercadorias, criando mais emprego.



Caso o Optimus Prime dos Transformers (o camião azul e vermelho líder dos autobots) estivesse em Portugal também deveria/poderia participar na greve? Tinha que ficar paralisado em forma de camião ou também tinha de ficar paralisado quando estivesse em forma de humanóide?



Se alguém estiver a jogar em Portugal um dos jogos de simulação de camiões, como o caso do jogo Euro Truck Simulator ou UK Truck Simulator para PC, também terá de aderir à greve?



Os putos que têm camiões de Lego terão de parar de brincar com eles?



Uma vez que os bombeiros também têm camiões, será que têm que aderir à paralisação, mesmo existindo incêndios que necessitem de ser combatidos com a mercadoria "água?



Se alguém andar de camião sem atrelado, poderá fazê-lo porque na prática se chama tractor e a greve é apenas para camiões?



Os eventuais camiões carregados de mercadorias a transitar em Portugal, como bens alimentares, roupa, tendas, medicamentos e outros bens essenciais para serem transportados como ajuda humanitária para a Líbia ou até para o Japão deverão parar e aderir à greve?



Como a greve apenas começou às 00h de hoje e caso algum camionista tenha parado antes da hora para descansar ou para efectuar a pausa obrigatória por lei tendo em conta o número de horas consecutivas máximo e a conduzir estará a desrespeitar a greve? Será que os outros camionistas vão validar o seu tacógrafo e verificar se pararam apenas depois da meia-noite?



Será que a linha de montagem nas fábricas de camiões também têm que parar para que os camiões que estão a deslocar-se na linha também adiram à greve e parem?



Os “camionhistas” brasileiros que trabalhem em Portugal ou passem por Portugal também têm que parar os seus caminhões, mesmo que a greve seja apenas de camionistas e os camiões tenham de parar?



Será que os camiões do lixo (indiferenciados) e recolha selectiva (ecopontos) também têm que parar e aderir à paralisação deixando acumular o lixo nas ruas ou podem continuar a transportar a mercadoria para os aterros e estações de triagem que deitamos fora todos os dias?



Será que os camiões que transportam e misturam betão também têm que parar o tambor de mistura do betão, inutilizando-o para sempre porque o betão acaba por secar (mesmo chamando os “Caçadores de Mitos” do Discovery Channel) ou têm de parar apenas as rodas?


Ficam as dúvidas para meditarmos um pouco sobre se as greves resolvem ou agravam ainda mais os problemas do país, das empresas e das pessoas.

3 comentários:

Anónimo disse...

parece-me bem que não sabe muito bem do que fala. muito provavelmente não tem nenhuma empresa de transportes, porque se tivesse falaria de outra forma muito diferente.

Anónimo disse...

Muito Bom..

Anónimo disse...

estou completamente de acordo com a greve isto havia era de ser de um mes que era para dar importancia a profissaos e as empresas