sábado, 28 de maio de 2011

Virtual Gold Farming



Para além de serem explorados no mundo real, os chineses têm vindo a ser explorados também no mundo virtual. Esta semana o jornal The Guardian, publicou uma notícia sobre a entrevista a um prisioneiro chinês que foi obrigado a trabalhos forçados na prisão. Durante o dia fazia trabalhos pesados a extrair carvão real de minas reais, à noite, em lugar de dormir, era obrigado a escavar ouro virtual no jogo online World Of Warcraft (WoW). Este ouro era depois vendido online pelos guardas a jogadores de toda a parte do mundo que compravam os créditos para irem evoluindo as suas personagens, nível após nível, sem perderem o tempo.

Enquanto na prisão, os guardas se aproveitavam e escravizavam os prisioneiros para ganharem uns trocos extra, um pouco por toda a China existem já empresas especializadas na exploração, produção e comercialização destes bens virtuais a jogadores de todos o mundo que apenas querem os créditos e items do jogo sem trabalharem para isso… é uma espécie de “dinheiro virtual fácil” e que é considerado crime nos países desenvolvidos e até pelas produtoras dos jogos. Para os chineses que fazem disto uma profissão, e que por sinal é mais fácil e mais recompensadora monetariamente do que trabalhar numa fábrica real da Nike ou da Apple, não existe qualquer problema e cria oportunidades de emprego que de outra forma não encontrariam.



Tal como a maioria dos produtos chineses reais (que podem ser adquiridos em qualquer loja chinesa) que são de baixa qualidade e que apenas funcionam uma ou duas vezes, os items virtuais também sofrem destes problemas. Existem já algumas reclamações junto da Deco sobre a falta de qualidade dos items do World of Warcraft que são produzidas na China e adquiridos online. Os jogadores adquirem espadas que partem facilmente ao tentar matar os dragões, as picaretas de extracção de minério partem pelo cabo, as poções adquiridas têm mais água que ingredientes mágicos e como tal não conseguem provocar os feitiços publicitados, as armaduras e vestuário dos avatares rompem-se e descosem-se facilmente, provocando que por vezes as personagens no meio de um combate fiquem a mostrar as partes íntimas, as jóias e as pedras preciosas são falsificadas, etc.. Mas nem tudo é mau nos produtos chineses e poderão encontrar armas para o WoW que não são produzidas em mais nenhum país. Vejam os seguintes exemplos:

Dois pauzinhos


Poção leite em pó com Melamina


Facas de lançamento Kunai


Estrelinhas ninja Shuriken


Foram estimados valores surpreendentes que indicam que na China existam mais de 100000 gold farmers que joguem para ganhar dinheiro e esse número passa para 400000 se estivermos a falar de todo o continente asiático. Este número tenderá a evoluir à medida que as ligações à Internet fiquem disponíveis a mais e mais pessoas destes países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, o que levará ainda a outro fenómeno que passo a explicar de seguida.

À medida que a China se vai tornando um país mais desenvolvido e vai destruindo a economia da Europa através da concorrência desleal e exploração (e até escravatura e trabalho infantil) na produção de produtos (na sua maioria, de baixa ou sem qualquer qualidade), o Gold Farming vai passar a outro nível completamente diferente e passarão a ser os europeus a jogarem online para venderem os seus créditos de World of Warcraft aos jogadores chineses que vão ficar sem tempo para jogar online devido ao aparecimento de melhores empregos e modos de vida.

Enquanto isso não acontece, existem já viciados europeus e americanos que consideram este fenómeno um sonho tornado realidade. Estes viciados, na sua maioria jovens cujos pais proíbem de jogar a noite toda porque têm de descansar porque no dia seguinte têm de ir para escola para serem alguém com carreira no futuro, que estão a pensar seriamente em viajarem para a China para cometerem uns crimes menores, irem presos e serem obrigados a passar toda a noite a jogar World of Warcraft. Ouvem-se já frases por aí “Quem me dera ser obrigado a jogar toda a noite sem parar”…

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