Nobre Finíssimos

No outro dia fui ao Continente e enquanto vagueava pelos corredores à procura dos produtos que tinha na minha lista de compras fui confrontado com a possibilidade de provar aquele fiambre da Nobre que vem cortado muito fininho – “Nobre Finíssimos”. Como para além de estar cortado ficando com metade da grossura, o preço estava também com metade do valor devido a uma promoção e a junção de todos estes factores fez-me decidir adquirir aquilo.

A embalagem era do tipo familiar, tal como a que podem ver na imagem, e ainda bem que assim foi como vão ter oportunidade de perceber daqui a pouco. Cheguei a casa e guardei a embalagem no frigorífico à espera da próxima refeição que envolvesse fiambre, que viria a ser o lanche. Por volta das 17h decidi então ir lanchar e provar finalmente o fiambre. Fui ao frigorífico, tirei a embalagem de fiambre e o queijo flamengo para fora enquanto o pão aguardava já aberto pelos ingredientes. Até aqui corria tudo conforme planeado mas tudo se alterou quando dediquei a minha atenção à embalagem de Nobre Finíssimos. Abri a embalagem do fiambre, que por sinal até se abre com facilidade sem auxílio de ferramentas extra (como facas, catanas ou pés-de-cabra), e quando me preparava para tirar uma fatia finíssima deparei-me com um obstáculo que arruinou toda a essência e objectivo do produto: não foi possível tirar apenas uma fatia. Isto acontece porque as fatias ficam todas coladas e amontoadas umas em cima das outras (como é possível ver na foto que coloquei) e, a não ser que tenham formação em arqueologia ou medicina e tenham na cozinha os utensílios certos, é impossível separá-las para comer apenas uma.

É claro que não foi este problema que me impediu de lanchar e foi o que fiz: peguei em 4 ou 5 fatias de fiambre finíssimos que vinham coladas, peguei numa fatia de queijo, coloquei tudo no pão e comi. Enquanto comia não me saíam da cabeça os seguintes pensamentos:

• Ainda bem que não consegui tirar apenas uma fatia, senão tinha comido uma sandes mista, apenas com queijo
• Este fiambre até nem é mau de todo! Sabe a… fiambre
• Tenho que resolver o problema da embalagem de Nobre Finíssimos

Por volta das 17:45, já com o estômago aconchegado e com os restantes planos desmarcados para dar toda a minha atenção a este novo desafio, comecei a tentar retirar apenas uma fatia de fiambre finíssima. Eram quase 18h do dia seguinte quando terminei esta actividade com “sucesso”. As aspas na palavra sucesso significam que o desfecho até nem foi assim tanto um sucesso. Apesar de ter conseguido separar uma das fatias das restantes, acontece que a fatia já tinha deixado de ser finíssima devido ao tempo que o fiambre tinha estado fora do frigorífico e ao calor que entretanto recebeu, quer do meio ambiente, quer das minhas mãos. A fatia apresentava o triplo da grossura devido às larvas que já se tinham formado, a fatia mexia-se e o cheiro a podre era insuportável.

Graças a esta experiência, foi possível constatar que o fiambre Nobre Finíssimos não é nada mais e nada menos do que fiambre Nobre normal, mas mais caro.