domingo, 4 de novembro de 2012

Ressonância Magnética



No outro dia fui fazer uma ressonância magnética porque comecei a sentir uma dorzinha numa zona delicada no meio das pernas (no joelho). Esta dor apareceu porque foi a forma que o meu corpo encontrou para me dizer que já não tenho idade nem porte atlético para jogar futsal e algumas das juntas e articulações podem estar a dar de si.

Foi a primeira vez que vi ao vivo uma máquina de ressonância magnética e primeira ideia que me veio à cabeça é que parece um donut gigante (o sonho do Homer Simpson). Tendo em conta que me ia deitar naquela coisa e entrar por um buraco a dentro e o exame em si é uma merda, a segunda ideia que me passou pela cabeça foi uma cena do filme Scary Movie 4 onde vemos um gajo a ser puxado por uma lombriga para dentro do traseiro de um extra-terrestre que estava sentado numa sanita a bordo do seu tripod. Vejam o vídeo seguinte que mostra uma cena cortada, mas a parte em questão apareceu no filme final (minuto 1:30):



Nos filmes de acção, sempre que vemos uma máquina destas, alguém a liga no meio de uma luta e tudo o que é feito de metal é automaticamente atraído para a máquina, como pistolas, facas, etc. Isso não acontece na realidade, porque se acontecesse, a sala onde fiz o exame não tinha focos no tecto nem nada. A própria máquina tem algumas partes metálicas no exterior, como parafusos, e até o logo da Siemens que não começaram a abanar e a saírem disparadas em direcção aos ímanes, mas recomenda-se que não tenham nada metálico no corpo, como parafusos, piercings, brincos, etc.

Voltando ao exame/scan por ressonância magnética, quando marquei este exame a pessoa do atendimento do hospital informou-me que tinha de estar 6 horas em jejum (porque decorou que alguns dos exames necessitam deste tipo de preparação) e não cheguei a confirmar se tinha mesmo de estar ou não em jejum para a ressonância ao joelho, mas pelo sim e pelo não, decidi ficar sem comer as 6 horas ou e não para o caso de a máquina da ressonância atrair com os seus ímanes gigantes o ferro ingerido nas 6 horas anteriores. O facto é que comecei logo mal porque cheguei ao exame e na hora marcada cheiinho de fome (e ainda por cima, o exame atrasou-se quase 1 hora). Preenchi um formulário/questionário de autorização para responder se não estava grávido, se não tinha nenhum pacemaker ou parafuso no corpo e, entre outras coisas, se não era claustrofóbico (olhando para a máquina na foto percebem o porquê). Entrei para o exame, tive de tirar a roupa toda, excepto a roupa interior e tive de vestir uma bata daquelas que não se percebem muito bem como se vestem e que nos deixam a parte traseira um pouco desprotegida e ao relento. Será que é mesmo necessário que estas batas tenham uma abertura? Tenho uma teoria que os técnicos (e técnicas) fazem de propósito para poderem dar uma espreitadela para o backside dos pacientes, mas não tenho provas. O que é certo é que se o Balotelli fosse fazer um exame destes, tinha de ser anestesiado. Não por ter medo de espaços confinados, mas para que lhe conseguissem vestir a bata (já sabemos que não ele consegue vestir coletes, senão vejam o vídeo seguinte). Para os pés deram-me umas toucas para calçar por cima das meias e lá fui eu em direcção à máquina.



Falando um pouco sobre a máquina de ressonância, se virem as fotos para a comunicação social e de produto da Siemens sobre as suas máquinas, podemos ver os médicos e os pacientes todos sorridentes e felizes por estarem a interagir com esta máquina. Tentam passar uma mensagem que uma ressonância magnética é um exame simples e agradável de se fazer, mas a realidade é outra como vão poder perceber mais à frente. Vejam algumas dessas imagens:




Se tiverem pavor e entrarem em pânico em espaços muito apertados, não se vão sentir muito bem durante o exame uma vez que os pacientes entram dentro de um buraco da máquina, exame esse que demora normalmente 20 ou 30 minutos (podem demorar mais para outras partes do corpo). Outro problema do exame é que têm que ficar completamente imóveis. Se se mexerem demais, o exame tem de começar de novo.

O maior problema, na minha opinião é o barulho ensurdecedor que a máquina faz. No meu exame deram-me uns auscultadores para ouvir música e para abafar o ruído, mas não serviu de nada. Enquanto a corrente eléctrica passava pelos ímanes, ouvia tanto ruído que parecia que tinha alguém na sala a partir o chão e as paredes com um martelo pneumático ou que estava a fazer o exame no meio de uma pedreira com uma britadeira a partir pedra junto à minha cabeça. Se fosse uma ressonância na cabeça, de certeza que o barulho ainda era pior porque teria a cabeça dentro da máquina, que no meu caso não foi necessário. O que é certo é que o barulho abafava a música dos auscultadores e não o contrário.


Outro problema do ruído é que por qualquer motivo não é constante. Parece que uma britadeira a partir tipos e tamanhos de pedra diferente. Quando pensamos que já terminou, na prática a máquina parece estar a ganhar fôlego para começar a partir pedra de novo (ouvem-se uns silvos como se a máquina estivesse a arfar). Na imagem seguinte podemos ver uma foto da máquina de ressonância magnética se tivemos em conta o ruído que faz:



No meu caso, passados os primeiros 15 minutos deitado, imóvel, já habituado ao ruído, comecei a ficar cheio de sono e então a minha preocupação era tentar ficar com os olhos abertos para não adormecer. Se adormecesse, poderiam acontecer duas coisas que iriam arruinar de certeza o exame. A primeira é que quando estamos na eminência de adormecer, por vezes damos um “salto” na cama e naquele caso, e como tinha o joelho prezo na máquina, se desse um salto ainda piorava a minha lesão e se mexesse a perna teria de recomeçar o exame. A segunda coisa má que poderia acontecer, mas desta feita para a máquina e não para mim, se eu adormecesse, iria de certeza começar a ressonar e teria de ser a máquina a chamar o técnico do exame a reclamar que aquilo era mesmo muito desagradável, teria de pedir uns auscultadores para abafar o meu ruído e não o contrário ou até teria de pedir para cancelar o exame premindo o botão/campainha de pânico.

Se pensarmos bem, a palavra ressonar até provém da palavra ressonância.

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